sábado, 28 de fevereiro de 2009

Cognitio Derelictum - contratações

A chuva estava forte aquela noite, mas isso nada mudava o andar calmo de Furlan, gostava da chuva, e a muito tempo não temia mais os rais e trovôes das tempestades. Seu principal prazer era a ajuda que a água caindo e escorrendo em si trazia para seus pensamentos, cobrindo-lhe com um sentimento de paz e imensidão. E hoje em especial havia muita coisa em sa cabeça.

Mas neste momento estava se preocupando mais com o fato d que provavelmente o pub estaria vazio, afinal quem iria sair num tempo desse? Até mesmo a frequesia fiel de todos os dias falhava quando o clima estava assim.

Chegou à entrada do Cognitio Derelictum e foi saudado com a formalidade de sempre.

- Boa noite, Sr. Furlan.

- Já é hora de parar com esse 'senhor' Luigi...

- Sim, senhor.

Furlan olhou para o segurança e abriu um largo sorriso, gostava de Luigi, era confiável, mas as suas maneiras acabavam mais sendo motivo de graça ultimamente.

- Certo então, mas não precisa abrir a porta, vou entrar pelos fundo hoje.

Luigi olhou para suas roupas encharcadas, claramente pensando no porquê de seu chefe não ter usado um guarda-chuva ou então pego um taxi.

Furlan entrou pela porta localizada no final do corredor ao lado do seu pub, ali ficava o depósito geral, e logo após estava o vestiário masculino onde ele raramente ia, mas sempre deixava algumas mudas de roupa para o caso de uma emegência. Colocou uma calça jeans, uma camiseta preta e um sobretudo de couro preto opaco. Logo após foi para dentro do pub.

Parou por um momento olhando o movimento lá dentro, estava quase lotado, com várias mesas movidas e formando grandes grupos. Deu um sorriso de lado e riu para si mesmo, logo após foi para o bar.

- Olá Raul.

- Olá Karl.

- Surpreso com o movimento?

- Sim, mas de uma forma agradavel. Parecem grupos grandes, sabe quem são?

- Hum, se não me engano é um grupo de estudantes em intercâmbio, parece que já tinham ouvido falar de nós e resolveram conferir.

- Hahaha, isso me parece trabalho do seu irmão, mas me diga Egon está por aqui?

- Hoje não, comprou trufas a peso de ouro no mercado pela manhã e acabou ficando o dia todo trabalhando nos seus projetos gastronomicos com elas.

- Bem pelo menos esta fazendo algo construtivo...

- ...

- eu acho...

- Hahahaha

- Hahaha, essa foi ótima, não foi?

- Egon realmente não combina com a frase 'fazendo algo construtivo'. Geralmente seus acertos são sem querer.

- É verdade... Bem, me dê um café preto que eu quero ir me sentar e descansar as minhas pernas.

- Certo, é pra já. A propósito uma moça largou um curriculo aqui mais cedo, quer dar uma olhada?

- Hum, claro, é sempre bom ver sangue novo e feminino por aqui.

- Haha, claro, aqui está, e o café também. Aliás, a garota é aquela sentada sozinha na mesa ao lado da sua, e olhando daqui até me lembra você parado e lendo seus livros.

- Nossa, você realmente acha que pareço tão sexy assim Raul? Você nunca disse isso antes.

- Ah, vá se catar Furlan, você entendeu o que eu quis dizer.

- Haha, calma, eu entendi sim, hehe, mas não resisti a piada.

- Gozador, se manda que eu tenho trabalho a fazer...

Furlan foi para o seu lugar habitual rindo para si mesmo, sentou e tomou um belo gole do seu café. Logo após pegou o cúrriculo e começou a lê-lo, parecia mais uma descrição da personalidade da garota do que qualquer outra coisa:

__________________
Agatha Treville Montjean

Sou uma sonhadora, e vou atrás dos meus sonhos. Gosto de ler, ouvir musica antiga, cantarolar sozinha, dançar. Não me importo muito com o que os outros pensam sobre o que eu faço, apenas sou eu mesma sempre. Sou espontânea, criativa e dedica quando faço aquilo que gosto.
Mas isso não é nada, não se deve julgar um livro pela sinopse.
__________________


Furlan lentamente levantou seus olhos do papel e olhou para a garota, e percebeu que ela o fitava ansiosamente. Ele então voltou o olhar para o papel, o amassou e jogou-o no lixo.

Agatha viu a cena e então com uma expressão que misturava raiva e derrota fechou o livro que estava lendo, largou-o na mesa, e começou a levantar-se. Foi então que ela viu que Furlan estava se sentando na cadeira ao seu lado.

- Também não gosto de sinopses, gostaria de conhecer o livro pessoalmente.

Demorou alguns segundos para Agatha compreender o que estava acontecendo, então seus olhos encharcaram-se e então abriu um lindo sorriso. Era um sorriso contagiante, e fez com que Furlan sorrisse também.

- Ah, olá... Meu nome é Agatha...

- É um bom nome para uma protagonista.

Agatha sorriu timidamente ao ouvir isso, e novamente Furlan seguiu o sorriso.

- Bem no que você pretende trabalhar aqui Agatha?

- Em qualquer coisa.

Ele levantou uma sobrancelha e fitou ela por algum tempo.

- Não se importa com o que seja?

- Não, já ouvi falar sobre o senhor, e sei que seja o que for não será nada desonroso.

- Hum...

Furlan abaixou os olhos e ficou a fitar o nada por um instante.

- Certo, mas acho que você conseguiria um bom emprego em outros lugares, por que exatamente aqui?

- Não sei, gosto do ambiente, tudo aqui me atrai.

- Hum, e como sabia que eu não daria-lhe um trabalho "desonroso"?

- Isso é porque eu já havia vindo aqui antes, e ouvi algumas vezes outras mulheres perguntando ao barman ou a outro funcionário sobre você, todas bem interessadas. E eles sempre respondiam que o Sr. é um homem sério, e não gosta de nada sem compromisso, que preza os valores antigos e mantém sempre uma atitude digna.

- É já fiquei sabendo de casos assim pelos meus empregados e pelo Beneddeto também. Mais alguma coisa que a fez escolher este lugar?

- Você.

- Como assim?

- Ora pelo que eu acabei de falar, e também, que outro chefe após ler aquilo que eu escrevi tomaria uma atitude como a sua?

- Entendo...

- E então? Contratada?

- Em período de teste...

Agatha abriu um largo sorriso, e Furlan apesar de tentar evitar não conseguiu ficar sem sorrir também.

- Ótimo, muito obrigada, vou fazer por merecer.

- Assim espero, pode começar amanhã mesmo. Esteja aqui às 19:30.

- Certo.

Ela começou a arrumar as suas coisas e começou a se levantar.

- Ãh, você não quer ao menos saber o que vai fazer?

Ela olhou confusa para ele, então sacudiu a cabeça e deu uma leve palmada em sua testa, sempre sorrindo.

- Claro, desculpa a distração.

- Haha, sem problema, bem você irá recepcionar os fregueses, e também cuidar da organização dos livros, por enquanto é só, acha que da conta?

- Sim, senhor.

- Hum só mais uma coisa.

- O que?

- Me chame de Furlan apenas.

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sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Momento Mau



Paro e penso, mas não são bons pensamentos exatamente. Na verdade está mais pra pensamentos maus e egoístas. Um lado meu que eu evito geralmente.

Por que? você pode perguntar.

A resposta é bem simples, quando estou assim, bem e ao mesmo tempo quero fortemente alguma coisa, eu tendo a passar por cima seja do que for para conseguir, sem vacilar nem um instante. E como minha principal caracteristica é a mente e não o físico, eu acabo passando por cima de sentimentos, idéias, ideais, enfim acabo destruindo a opinião, o 'ser' da pessoa.

Não gosto disso, eu sempre consegui o que eu queria de forma pacífica, mas existem momentos em que acabamos nos estressando acima do aceitável, em que tudo parece estar dando errado, em que vemos aquilo que mais prezamos e gostamos se perdendo no horizonte de uma maneira fora dos nosso alcançe.

Acho que amanhã vou estar melhor, pelo menos espero, essa foi uma semana em que muita coisa que eu queria não aconteceram, e também as aulas começaram e meu tempo de sono diminuiu, estou a algum tempo sem falar pessoalmente com meus amigos, problemas no emprego.

Nada dando muito certo... Mas enfim, preciso de um tempo para arejar a cabeça, acho que amanhã vou a Porto Alegre passear, ler um livro, tomar um café...


Abraço a todos

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Vento e sentimentos...



Estava com o pensamento longe, então resolvi andar.

O tempo estava bem ao meu gosto, não havia sol, nem chuvia, apenas um céu cinza sobre a minha cabeça e o vento em meu rosto.

Meu pensamento voava com o vento, e este falava comigo, falava sobre sentimentos, sobre o tempo, sobra a amizade e sobre o amor.

Continuei a andar, já nem me importava aonde estava, já não me sentia importante. Já não estava completo, ou melhor via agora com realidade o quão incompleto estava.

E a música ao meu ouvido não ajudou em nada...


Hay, recuerdos que no voy a borrar
Personas que no voy a olvidar
hummmm...
Hay, aromas que me quiero llevar
Silencios que prefiero callar
hummmm...
Son dos, las caras de la luna son dos
Prefiero que sigamos, mi amor, presos de este sol
Dejar, amar, llorar,
El tiempo nos ayuda a olvidar
Y allá, el tiempo que me lleva hacia allá
El tiempo es un efecto fugaz
hummmm...
Y hay, yeah, hay cosas que no voy a olvidar
La noche que dejaste de actuar
Sólo para darme amor (3 veces)
Ah...
Yo vi tu corazón
Brillante sobre el mic en una mano
Y ausente de las cosas pensaste en dejarlo y tirarlo
Junto a mí, junto a mí
Hay secretos en el fondo del mar
Personas que me quiero llevar
Aromas que no voy a olvidar
Silencios que prefiero callar
Mientras vos jugás.


A música calou fundo em mim...

Continuei a andar, os pensamentos dando voltas e voltas...

Seria tudo uma reles imaginação minha? Não, não era, pelo menos não da minha parte. Mas esse era o problema, só conheço a minha parte, é isso que agonia o meu coração e o meu pensamento, é isso que me impede de sorrir, é isso que me faz olhar o horizonte e me sentir vazio, incompleto.

Minha respiração para por um instante, então o vento sopra em meu rosto, e de alguma forma me faz sentir esperança.

Mas só a esperança não me basta, não agora...

Agora sei que preciso dela, que sempre precisei...

domingo, 22 de fevereiro de 2009

Romantismo



Um romântico, por sua essência, é um apaixonado. É impossível ser diferente. Você pode ser educado, ou charmoso, ou qualquer outra coisa, mas para ser um romântico, você tem de ser apaixonado.

Ninguém vira um romântico, se nasce assim, e às vezes nem se percebe.

Nós agradamos a pessoa amada pelo simples fato dela existir, há um sentimento natural de tentar transformar a vida dela em algo perfeito, de mostrar em nossas ações e palavras o que verdadeiramente sentimos por elas.

É como se a nossa própria vida só fizesse sentido para fazê-la feliz.

É estranho falar sobre isso, pois o romantismo está intimamente ligado ao amor, e por assim ser não pode ser tratado fora dele, e falar sobre o amor é algo que não cabe e meras palavras, logo o romantismo também.


"Chocolates, estes engordam. Flores, estas murcham com o tempo. Livros, estes são meras palavras que um dia ficam esquecidas numa prateleira empoeirada. Jóias, estas são pedras, frias e sem sentimento. Se amas alguém mostra isso com atitudes de dentro do teu ser, pois isso durará para sempre."
R. Neluparf


quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Amizade



Sabe aqueles momentos na vida em que você olha ao redor e vê vários colegas, companheiros, pessoas com quem você convive e se diverte, mas daí tu acaba percebendo que não tem aquela pessoa com quem você se abre totalmente, que sabe seus segredos, suas vontades, ou seja um Amigo de verdade, um pessoa que realmente é importante em sua vida e que sem a qual tudo fica meio sem sentido?

Se não, espero sinceramente que nunca passe por isso.

Não posso dizer que não tenho amigos, tenho sim, são pessoas que eu confio, respeito e gosto. Mas sempre fui meio solitário, mesmo entre amigos, e tive realmente muito poucos Amigos com 'A' maiúsculo.

Notei isso a pouco tempo, numa dinâmica em que no decorrer de uma história deviamos escrever o nome de três pessoas de grande importancia na nossa vida atual. Encontrei ao invés dos nomes foi uma enorme dificuldade para achar essas pessoas.

Num outro momento então eu parei e pensei em pessoas que realmente eram importantes na minha vida. Pude felizmente encontrar um bom grupo de amigos, e infelizmente lembrar de como eu deixei a distância entre nós transformar-se num empecilho para a amizade.

Alguns desses Amigos eu tive muito pouca convivência, como no caso do Frodo, outros tive convivência bem grande, mas por um breve tempo, como com o Wagner, teve aqueles de convivência diária por um tempo razoável, como o Rodrigo (Pequeno) ou o Gregori ou o Édipo ou o Renato (Smeagle) ou até mesmo o Lucas (Psicopata), e ah, sim teve as atemporais, ou melhor me lembro bem de apenas uma assim, com a Gabryella.

Penso que esse tipo de amizade jamais morre ou deixa de existir, mas é como uma grande chama que nunca se apaga, mas se você não coloca mais lenha ela vai diminuindo, até que se tranforma em uma brasa, que não chega a desaparecer, mas não é algo que nos aquece no frio.

Estou feliz por ter visto isso agora, em que ainda posso tentar fazer algo para reverter isso, colocar mais lenha, se possível álcool, jornais velhos e qualquer coisa que faça o fogo crescer rápido novamente, afinal não tenho medo de me queimar, são pessoas por quem "eu coloco a mão no fogo".

Amigos são a família que a gente escolhe, isso quer dizer que por melhor que seja a amizade, todos tem opiniões diferentes, podem até discutir e brigar, mas mesmo assim o elo que os une é maior que isso.

Fitar o horizonte nunca foi tão dolorido.

Dedico esse texto, que me parece mais um testimonial da minha vida, pra Gaby, uma guria que de alguma forma é tão especial que fazia de simples voltas de onibus da escola serem experiências inesquecíveis, que sempre me deu muito o que pensar e repensar sobre os meus conceitos, uma guria que eu amo muito, e sou feliz por dizer que apesar da distância e esse tempo que separa a gente eu posso dizer que é minha amiga.


Momentos nostágicos como esse me deixam meio sentimentalóide, mas às vezes isso é bom, ainda melhor quando lembramos de pessoas especias como as que eu citei são pra mim, então um grande abraço a todos que passem por aqui, e não esquecem de abraçar um amigo seu hoje.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Espinhos


Comprei um cacto!

É estranho, sempre quis ter um.

Talvez pelo que eles me representem, são independentes, fortes, não atacam ninguém, mas se forem atacados é bem provavel que o atacante se machuque. Também são firmes e belos, trazem as mais belas flores que podemos ver.

Acho que se parecem um pouco comigo, ou com aquilo que eu tento ser.

É um belo cacto.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Felicidade



Aí está uma palavrinha a qual todos queremos possuir, felicidade, não, não estou falando daquela alegria espontanea, nem daquele momento alegre que todos nós temos volta e meia. Estou falando da felicidade no verdadeiro sentido da palavra, aquilo que nos faz sentir, como dizer... completos, é acho que esssa palavra serve... pois ao meu ver tudo o que construimos e fazemos em nossa vida é como o título daquele ótimo filme "Em busca da felicidade".

Não acho também que exista uma felicidade eterna, e isso que é o belo da vida, nunca nos mantermos satisfeitos, estarmos sempre buscando mais. Parece que quando conseguimos alcançar a felicidade logo depois ela se esvai por nossos dedos, mas sempre aprendemos algo no caminho, e sempre haverá algo a que se aprender.

Uma vez eu ouvi "ou nos ocupamos em morrer, ou nos ocupamos em viver", podemos conseguir felicidade em ambas opções, e ambas vão nos trazer sabedoria. A diferença é que com a primeira, o mundo influencia nossa felicidade, e na segunda, somos nós mesmos, e mais ninguém quem pode trazê-la.

Não há um ideal a se seguir, nem uma moral a se tirar, a felicidade é uma daquelas coisas sutis e abstratas com as quais temos que aprender a conviver.

As vezes, ver a luz no fim do túnel traz mais felicidade do que o que realmente vemos ao chegar lá.