terça-feira, 10 de julho de 2012

Quem tem boca, vaia Roma

Bueno, povo. E leitores em geral.
Pra quem não sabe, estou a Roma. E cá venho falar das primeiras horas e dias em território de gladiadores.
Antes de sair do Brasil, meu voo atrasou muito. Porque o avião que nós levaria não pode pousar em Porto Alegre. Sendo assim o que seria 20:30, acabou sendo 1:00 do outro dia, já domingo.
Saindo daí atrasado, pegamos a conexão em Lisboa também atrasados. E chegamos aqui atrasados. E nisso perdemos nosso transfer, que nos levaria aos alojamentos.
Chegamos por aqui lá pelas 23:00, mais o tempo de pegar as malas e nos certificarmos que não havia ninguém nos esperando. Enfim, meia noite em Roma, sem saber se haveria alguém nos alojamentos para nós receber, ficamos no aeroporto até de manhã.
Parte boa? Conhecemos um casal recém casado partindo em lua de mel que ficou a madrugada toda esperando o voo também.
Enfim, fomos de táxi até o dormitório das garotas, e lá deixei minhas malas (já havia uma guria conhecida lá que abriu a porta). Fomos para a escola, fizemos o teste de nivelamento e todos ficamos para aulas a tarde durante essa semana. Lá peguei as chaves daqui e vim. Peguei minhas malas no caminho e depois me perdi, já que fui esperto e esqueci de imprimir um mapa. Entretanto tinha os nomes das ruas que devia passar adotadas (fiz isso as pressas em um auto atendimento no aeroporto). Quase esgotado cheguei aqui.
Quando cheguei eis uma surpresa, uma guria estava aqui. Logicamente empatada, e falando inglês, mas meio que nos entendemos. Entrei, tomei banho, tomei muuuita água (aliás, não é recomendável tomar água direto da torneira por aqui se não souber que é potável, mas eu tomei mineral da guria mesmo, então está ok). Voltei para a escola, já devidamente com minhas chaves e devolvi as chaves para o rapaz. Assisti a apresentação da escola, recebi um mapa e várias dicas sobre a cidade. Me inscrevi para dois passeios e avisei que não conseguiria ficar na aula.
Voltei, e me perdi de novo, mas como tinha um mapa logo me achei. Cheguei em casa morto de exaustão. E dormi a tarde toda. Depois acordei, falei com a família e voltei a dormir. Levantei cedo e fui procurar um mercado, não achei, óbvio né, não acharam que ia melhorar tão facilmente, acharam?
Voltei, comi dois sanduíches, dormi, tomei banho e fui pra aula hoje, no melhor estado se espírito "queria estar era no Brasil". E então a aula, foi ótima. Não lembro o nome do professor, mas tenho quatro colegas: José (espanhol), Gaelle (francesa), Stefania (mexicana) e Yuma (ou algo assim, sul coreana). Ah, a moça do apê é da Polônia. E tem mais dois brasileiros morando aqui.
Bueno, depois da aula fui as compras, saquei mais alguns euros e comprei um bilhete mensal para metro/trem/ônibus.
Voltei pro apê e estou aqui escrevendo, vendo a polaca morrendo de estudar algo que não faço idéia do que seja, e nem ela entende a matéria (espaço para risos que não posso fazer na frente dela).
Agora vou ver se faço um jantar ou se apenas faço um lanche rápido.
Baci e abraços a tutti voi.
E massagem em quem se interessar (se bem que eu que estou precisando).
Ciao.

PS: por aqui praticamente só se vê carros novíssimos e Vespas (a moto).


sexta-feira, 30 de março de 2012

A Retomada do Covil

Naya sacou duas pistolas enquanto andava ao lado de Marconi. Ele empunhou uma espada que parecia saída do próprio ar. As pistolas eram duas ruger .44, enquanto a espada era fina e longa, negra e de cabo de marfim.

Naya podia criar confusão em mentes alheias, e em um nível menor, podia ler pensamentos. Ela procurava atentamente o menor indicio de pensamento ofensivo, para atacar pelas duas vias que conhecia, do chumbo e da mente.
Marconi escondia a maioria dos seus talentos, Naya sabia que ele era um potente telepata, sabia também que ele possuía algum tipo de controle aparentemente sutil sobre a água. E claro, ele podia criar a marca, ao marcar alguém ele podia absorver as habilidades e a psique alheia, ou mesmo passar isso adiante, para outro ser. Isso em si lhe dava um poder impossível de ser calculado.

O que Naya nunca tinha visto ele fazer foi o seguinte.
Marconi, absorto pela caçada, parecia farejar o cheiro dos inimigos. Foi então que um novo feixe de energia veio em sua direção. Um golpe rápido e eficaz, a espada cortou o feixe ao meio, criando dois onde havia apenas um, e o fazendo desaparecer.
Então atacou com a espada a parede ao seu lado, cravando a ponta na Madeira velha. Alguns instantes após fazer isso a espada começou a sangrar, e após mais alguns instantes Naya pode ver quem realmente estava sangrando, pois um ombro começou a se formar ao redor da espada.

- Desmaiou. Detesto ilusionistas.

Só então ela pode ver o garoto por completo.

- Eu o conheço. É um dos seus, não é?

- Sim, consegue penetrar a sua mente?

Naya semicerrou os olhos ainda brilhantes, e depois sacudiu a cabeça, não, não podia ler a mente dele.

- Tu não consegue, mas teu irmão conseguiu o controlar de tal forma que até depois de fugir ele ainda estava hipnotizado. Agora vai, ele protegia os outros, traga-os vivos.

Naya saiu e voltou dez minutos depois, trazendo outros três homens.
O garoto junto a Marconi já estava de pé e parecia bem.

- Vamos para o meu escritório, esta frio e lá há uma lareira. Deixe-os comigo agora, Naya.
Ela então liberou os três da sua confusão mental. Piscaram por alguns instante e seus olhos logo voltaram a
vidrarem.

Quando chegaram no escritório um dos rapazes foi diretamente até a lareira para acende-la. Pousou a mão sobre algumas toras de madeira e logo após elas estavam flamejantes.
Marconi sentou-se em uma poltrona, fazendo com que os quatro que os acompanharam se sentassem em um largo banco à sua esquerda.
Hati entrou nesse instante e deitou-se próximo do fogo, ignorando a tido o resto.
Naya sentou no largo braço da poltrona, levando o gato consigo.

Os olhos de Marconi, agora já normais, voltaram a brilhar intensamente por alguns momentos. E todos os quatro rapazes pareceram desmaiar ao mesmo instante. Acabou o brilho e logo após ele começaram a recuperar a consciência.

- Agora, Lotus, me fale o que aconteceu.

Lotus, o garoto com o ombro perfurado pela espada de marcou olhou duramente para Naya e então começou seu relatório.

- Nós capturamos o irmão dela nos morros gêmeos e o trouxemos para cá, mas isso você já sabia. Esperávamos ordens para extrair tudo o que ele soubesse, porém nos foi avisado para lhe esperar, e esperamos.

Ele suspirou, preparando-se para contar onde aconteceu o erro na sua guarda.

- Jake. Jake estava ansioso demais, e quis dar uma espiada na mente dele. É difícil controlar telepatas. Ele entrou na mente dele e foi como tudo começou...


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quarta-feira, 28 de março de 2012

O Covil do Dragão


Febe
Arianrhod
Caridwen
Elaine
Mani
Nanna
Arrak
Selene
Ártemis
Hécate
Khons
Thot
Nut
Ix Chel
Chang'e
Chandradev
Nix
Érebo


Havia ainda mais nomes incrustados naquela pedra, mas não os compreendia.

E Naya absorveu um conhecimento mais antigo que o tempo, ou tão velho quanto. Então não é surpresa alguma dizer que ela desmaiou após ver tudo o que foi lhe apresentado.
Quando acordou, alguns minutos depois, Marconi estava sentado ao seu lado, observando-a.

- Não preciso te dizer para não comentar sobre o que viu por aí, suponho.

- Ninguém acreditaria de qualquer forma.

- Não subestime a capacidade de se auto-iludir que as pessoas tem.

- Mas aquilo era a verdade, não era?

- Tu sabe que sim.

- Eu sei que tu me fez sentir que era a verdade.

Marconi sorriu, olhou para o céu, inspirou profundamente e só então respondeu.

- Vamos, temos que verificar os estragos que o seu irmão fez.

- Você me disse que ele estava preso.

- E estava.

Ela preferiu não comentar mais nada, veria a verdade em breve, e Marconi tinha a chata mania de estar sempre certo.
O cão, Hati, sempre ia alguns passos atrás, sem fazer ruído algum, salvo um leve revolver de folhas ocasional.
Chegaram a um prédio velho, que parecia ser uma antiga escola, ou algo assim. Havia um pequeno dragão sobre a entrada da porta.

- Tudo parece estar certo.

- Esperava mais de ti, Naya.

E então ela percebeu. Não havia sentinela alguma nos arredores, ela as teria sentido. Isso estava estupidamente errado para que ela não tivesse percebido de imediato.
Marconi suspirou algo para a porta, e ela abriu sem fazer barulho algum.

Um feixe de energia surgiu das profundezas do lugar e acertou Marconi no meio do rosto. Ao menos foi o que Naya pensou até que o viu apoiado na porta, de braços cruzados, e observando a escuridão do local.
Ele sorriu de modo estranhamente sedutor e falou sem desviar o olhar:

- Ora, ora, isso começou a ficar realmente interessante. Me lembre de agradecer o seu irmão.

Após isso seus olhos começaram a brilhar da mesma forma de quando ele marcava alguém. Hati rosnou. E de dentro de suas roupas surgia um leve brilho prateado. Isso tomou Naya de surpresa por um breve segundo, e quando ele acabou ela mesma já se preparava para atacar.

Não correram, não eram novatos em busca de glória. Caminharam calmamente porta adentro, o porte dos mensageiros do desespero.

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sexta-feira, 2 de março de 2012

Inevitável

Ele lia um livro qualquer. Bem, talvez não fosse um livro qualquer, quem sabe.
Ele lia e adorava... a trama, a psique dos personagens a loucura em tantos níveis diferentes. Por vezes fazia lembrar da sua própria mente e sua bagunça.
Era tarde, fechou os olhos por um momento, e então ela veio. A dor em sua cabeça parecia rasgar seu cérebro em centenas de pedaços.

Olhou ao redor e por um instante viu apenas o breu. Pequenas luzes começaram a aparecer na sua frente, em uma parede que não era a de sua casa.
- Merda, enlouqueci de vez.
A parede de tijolos brilhava em uma frequência constante, causada pela grande constelação de luzes que ali surgiram. Ele olhou ao redor, tudo o que via era um borrão de uma casa já velha e mal cuidada. Piscava ao tentar acostumar os olhos para a falta de luminosidade.
Voltou sua atenção novamente para as pequenas luzes, pode perceber três agrupamentos distintos entre elas. Dois deles identificados sem problema algum, eram constelações, libra e dragão. De fato estranhou as reconhecer tão facilmente, a memória simplesmente parecia fluir de um modo perfeito, sem quebras, sem falhas.

Libra à esquerda, dragão à direita, porém a constelação do meio se mantinha um mistério. Movido tanto por instinto como por curiosidade ele lançou sua mão à frente tocando a pequena organização de luzes. Epifania. Soube o que era a figura escondida por trás das estrelas, e soube onde estava. Era a constelação de grifo, não havia constelação de grifo no mundo atual, ele sabia, mas ela existia na babilônia e por isso existia ali. Pois ele estava em sua própria mente, onde tudo devia fazer sentido apenas para ele mesmo.

No mesmo instante em que a epifania surgiu todas as luzes se acenderam de modo cegante e se apagaram. Mas a parede de tijolos continou iluminada, desta vez por pequenas rachaduras que começaram a aparecer. Rápida, apenas como a mente consegue ser, a parede ruiu.
Após a parede de tijolos desmoronada estava um conglomerado de esferas. Dentro das esferas haviam os mais variados tipos de informações. Imagens, vídeos, músicas, textos. Ao entrar naquele recinto ele sentiu o sopro da imaginação e da criatividade, pode sentir a pulsação em todo o seu corpo.

Havia um feixe de luz ligado em cada uma das esferas, pareciam os galhos de uma árvore, e ele seguiu os feixes.
Chegou à origem dos feixes, um rapaz de aspecto selvagem e olhos penetrantes. O rosto estava furioso, e logo ele viu que o rapaz estava acorrentado. E ele soube que o rapaz era ele mesmo, seu outro eu, e que ele mesmo o havia aprisionado.

Aproximou-se, sob o olhar ameaçador e os dentes à mostra. Abraçou a si mesmo e pediu perdão.
A questão não era apenas pedir ou não o seu próprio perdão, mas aceita-lo ou não. Algumas mentes preferem a autodestruição. Portanto o que aconteceu realmente o surpreendeu, as esferas começaram a girar como um furacão ao seu redor, fazendo com que os feixes os deixassem presos.

Quando a última esfera terminou seu último giro, houve um whiteout. Talvez tenha sido uma explosão sem som. Não podia ver nem a si mesmo, apenas o mais puro branco.
Quando as cores voltaram ao seu redor ele estava de volta à sala escura onde havia encontrado a parede, mas a luminosidade parecia normal agora, e onde estava a parede agora havia uma porta. Na porta havia uma placa pendurada, onde estava escrito "O Dragão é poder." A porta se abriu e dela saiu o seu eu selvagem, ameaçador. Sorriram um ao outro.

Todo o lugar, toda aquela casa mergulhada no breu e no tempo esquecido, suja e mal cuidada começou a se auto-reparar. Nada sobrenatural, apenas uma mente reencontrando o seu próprio rumo.
Logo percebeu uma outra porta, e esta parecia chamá-lo. A placa desta era mais bem trabalhada, mais refinada, e nela estava escrito "O equilíbrio é razão.", e sobre isso o símbolo do libra, o ômega.
Com um breve olhar encontrou a terceira porta, mais rústica que as duas primeiras e de certa forma, mais bela.
- A porta do Grifo.

Havia poeira sobre a maçaneta, e uma pequena anotação presa ao seu lado.
"Venham a mim, e eu irei a vocês."
Os dois trocaram um breve olhar, e já sabiam o que fazer. Estavam sãos, a mente afiada como uma adaga.
Cada um colocou uma mão sobre a porta. E nas costas de suas mãos suas constelações brilharam. E a placa da porta começou lentamente a surgir.
"O Grifo é a Vida.". E a maçaneta virou sozinha.

Não houve whiteout, não houve explosão, nem o ruir da casa, ela simplesmente diluiu-se com o mundo. Tudo ao redor parecia diluir-se a medida que a porta abria. O mundo.
A porta abriu e a vida surgiu, assim como o universo.

E então seus olhos se abriram novamente. O tempo havia passado ali fora, o livro já havia sido lido.
Saiu para a rua, olhou as estrelas no meio da noite. Sentiu-se louco, sentiu-se vivo.
- Inevitável...
E sorriu o sorriso mais belo de sua vida.











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terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

O matador

O despertador avisa que a hora chegou. Ele levanta-se sem demora.

Esse momento do dia sempre se repete, limpa-se, organiza-se, pega suas armas e segue o seu caminho.
Perderia muito tempo cozinhando algo pela manhã, prefere comprar um café e algo para comer na lancheria da esquina. Lancheria, aquilo era mais um bar, mas pouca diferença fazia.

Segue andando para o trabalho de hoje, coisa fácil, uma morte apenas. Usa chapéu para proteger a pele clara. Achou um prédio bom para usar como base, e antes de entrar nele comprou mais um café. Estar desperto totalmente era sempre muito importante. Tomou-o e seguiu seu caminho.


Ele entrou no prédio, haveria uma ótima vista para a praça. Subiu até o último andar. Foi até o banheiro.
Entrou em um dos boxes do banheiro, perto da janela. O tamanho e abertura da janela seriam suficientes, ele pensa.

Dentro do box ele retira a sua arma de dentro da sua maleta e a monta. Com aquela arma ele poderia acertar um alvo a vários quilômetros de distância. Entretanto estava trabalhando de modo que tudo deveria ser feito rapidamente, caso contrário perderia tudo.
Esperou pacientemente sentado no vaso sanitário. Alguém lhe mandou uma mensagem com informações a respeito do alvo.

Tudo o mais que aconteceu durou, no máximo, cinco segundos. Ele a abriu o box em que estava, verificou que não havia ninguém a observa-lo e apontou pela janela para a praça.
Ele sabia onde o alvo estava, logo o viu, carregando algum instrumento nas costas e notadamente embriagado. Tanto melhor, ao cair pensariam que fosse por causa da bebida.
Atirou, e não ficou olhando o resultado. No instante em que o gatilho foi puxado ele já voltava para o box em que antes estava. Sentou-se no vaso sanitário novamente e pôs-se a desmontar a arma e quarda-la novamente.

Depois saiu calmamente de prédio, e ao passar pela praça viu o conglomerado de pessoas. Teria sido um tiro certeiro, com sorte.
E seguiu seu caminho para a sua casa. Comprando um jornal antes de ir.

Após ler os obituários do dia anterior no jornal, onde havia um dos seus trabalhos, alguém tocou a campainha. Uma mulher, ele sabia.
Era sempre uma mulher, e não poderia ser diferente. Ela queria uma morte, sempre queria. Todas elas.
Ela entrou, pediu seu preço e vendeu a sua alma. E o matador recebeu de bom grado o seu corpo como brinde, embrulhada em seus lençóis.










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