sábado, 17 de julho de 2010

Metrô

Andaram juntos até o metrô, chovia muito. Entraram no vagão, e estavam completamente secos. Naya sorriu e olhou, sem mover o rosto, para Marconi.

- Adoro quando faz isso.

- É dessas coisas que se aprende pela vida. [Arqueou a sombrancelha esquerda, e olhou sorrindo para ela.] Vamos sentar ali.

Sentaram no início de um banco largo. Um instante antes do trem sair, um grupo entrou no vagão. Vestiam preto, camisetas de banda, de tribos variadas, mas um povo underground.
Tanto Naya, quanto Marconi olharam com desinteresse.

- Lembro do meu tempo assim.

- Eu também Naya, eu também.

Um dos integrantes do grupo, um gordo, com o rosto todo maquiado, usando uma saia por cima da calça, sentou ao lado de Marconi. Ele parecia estranho até mesmo para o seu grupo.

- Hei cara, e aí? Legal essa tua roupa. Elegante, mas sinistra, soturna. E da guria ali também, e putz qua corpaço heim.

Ambos olham para o gordo, Marconi apenas agradece polidamente.

- Tu até parece alguém do movimento, diz aí, tu tem tatuagem, piercing? Que banda que tu ouve? Temos cigarro e vinho aqui, quer um pouco?

- Minhas marcas são diferentes, e nunca me interessei em colocar piercing. Pouco escuto música, e o que escuto não gravo nomes. E obrigado, mas não fumo, e hoje já bebi o suficiente. Você quer Naya?

- Esse vinho ruim? Bleargh, não me insulte.

- Vocês que sabem. Só não entendi vocês com essas roupas agora. Não pode usar roupas assim se não faz parte do movimento, nem sequer bebe ou fuma.

Naya finge se aconchegar ao lado de marconi para falar ao seu ouvido.

- Tudo isso acontecendo com meu irmão e ainda tenho que pegar trem com um gordo babaca. Olha só, os outros até se afastaram dele.

O gordo agarra o ombro direito de Marconi e então fala.

- CARA! Olha só esta insígnea. É prata mesmo? Fica muito legal no couro da jaqueta. Deixa ver, são os quatro elementos, e um dragão os envolvendo. Uma amiga tem um parecido, só que é um minotauro no lugar do dragão.

Marconi estreitou os olhos a fitá-lo. Ele sabia que havia poucas pessoas que pudessem ter aquele tipo de insígnea no mundo. E a marca do minotauro, essa era a marca de Yami.

- Solte agora mesmo a minha jaqueta.

O gordo soltou a jaqueta fazendo uma carranca. Depois pegou a garrafa de vinho e voltou a beber.

- Ah, vai te catar.

Ao ouvir isso, Marconi simplismente fechou os olhos para não perder o controle de si. Naya, ainda recostada nele falou ao seu ouvido.

- Marque-o.

Marconi a encarou, seus olhos brilhavam num branco ofuscante, o gordo não se moveria. Então ele suavemente pousa sua mão na têmpora do gordo e se concentra. Nos seus ohos há apenas o branco natural, e aos poucos uma lua crescente vai se formando. Quando a lua crescente se tornou completa, ele fechou os olhos e largou o gordo, que simplismente deixou a cabeça pender para trás sem resistência, inconsciente.

- Ele é patético.

- Marconi?

Marconi volta a abrir os olhos para olhar Naya, ambos já com os olhos normais.

- É um filhinho de mamãe. Só faz pose de revoltadinho sem causa. Eu é que não quero a essência dele em mim.

- O que vai fazer?

- Vou para onde devemos ir, seu irmão é a prioridade. Além de quê, tem um canil no caminho.

Naya sorri.

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domingo, 11 de julho de 2010

Bär

Ele entrou no bar do vilarejo, e sentou-se na mesa no canto mais afastado dos outros no local. Aparentava ser um jovem nos seus 20 e tantos anos. Parecia calmo, pediu dois copos de vinho e abaixou a cabeça.
Ao levantar uma jovem estava sentada a sua frente.

- Senti sua falta, Naya.

Ela franziu o cenho, ele ter requisitado esse encontro já era estranho, e o fato de ser naquele vilarejo afastado apenas piorava seu mau pressentimento.

- O que aconteceu com meu irmão?

- Ele foi pego... [ele fez uma pausa ao chegar os copos de vinho, depois de um gole continuou] ... mas não foi tocado. Foi difícil parar os Captores. Daqui irei direto até onde ele está.

Ela encara o seu copo de vinho. Depois vira seu olhar para ele e não fala nada.

- Não vai conseguir informação nenhuma assim Naya, muito menos me confundir, você sabe.

- Mas até agora não me disseram o que ele fez. Eu preciso saber.

- Foi por isso que eu te chamei. [Outro gole de vinho] Ele estava investigando o caso Pamela, e aparentemente ela o seduziu. Durante a última investida que fizemos contra ela, ele a protegeu e ajudou a escapar, graças a isso 7 agentes morreram. Você sabe muito bem que o minímo que fariam com ele seria a morte, eu os parei com o pretexto de conseguir informações. Parei por você. Agora é preciso que você vá falar com ele e o convença a dizer apenas a verdade, e não omita nada, você sabe que nem adiantaria, mas isso pode salvar a vida dele.

- Meu irmão... ele nunca se deixaria seduzir.

- Ele não deixou, essa é a habilidade dela, ou melhor, uma delas. Mas não posso falar sobre isso.

- E se ele falar a verdade, o que acontece?

- O que ele fez foi muito grave, mas vou tentar convencê-los da situação em que ele se encontrava. Com muita sorte ele será mandado para o campo de reabilitação, mas eu duvido, a outra boa opção é ele ser expulso da corporação.

- Só isso?

- E eu vou ter de marcar ele antes.

- Marconi!

- Naya, ou é isso ou a morte.

Ela toma todo o seu copo de vinho de uma só vez.

- Meu irmão... marcado... [sorri] Isso vai ser interessante.

Ele também sorri.

- Agora vamos até ele, temos uma longa noite pela frente.

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segunda-feira, 28 de junho de 2010

Rain

Havia um garoto na chuva. Ele fitava a tempestade sem mover um músculo sequer.
Apenas a sua silhueta podia ser vista no meio da tempestade.

Raios, trovões, granizo, a nada ele teme. A culpa em seus olhos, iluminados pelo flashes de luz, mostravam uma alma partida, despedaçada.

Ele fala algo, mas o som não chega a lugar algum.
Então começa a correr.

E adentra o vilarejo não muito longe dali.

[continua]




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The Phoenix burns again

Sinceramente, não atualizo isso aqui porque é um login diferente do que eu uso no outro blog...

Enfim, só avisando que vou direcionar esse blog para minhas histórias, já que faz tempo que as crio sem escrevê-las.

Só isso neste post,

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Surviving, back later

Esse mês foi sábio, filosófico, egocêntrico, decisivo, e blá blá blá...

Neluparf rules.

Evil Triumphs when good men do nothing.




"All that is necessary for the triumph of evil is that good men do nothing." (Edmund Burke)

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Be like yourself...

Diziam que ele era um garoto prodigío. E realmente, podia-se dizer que era uma criança brilhante.
Esse guri tinha um grande potencial para o seu futuro.

Desde pequeno filosofava, sem nem ao menos saber o que era isso.
Seu amor pela sabedoria ultrapassou os limites de sua idade.

Mas como todos os que pensam demais na vida e seus pormenores, notou que no fim, nada fazia sentido, nada tinha um motivo, que ele tinha que escolher um caminho sem recompensas no final.
E ele era só um garoto. Tão jovem.

Resolveu levar sua vida como qualquer um. Se é tão fácil para os outros ser feliz, tão simples, então ele imaginava que para ele também o seria.
Mas teve que fazer um sacrifício, sua naturalidade.

Ele ia longe em suas criações, em melhora constante. Tentava algo novo, e lá estava ele, nunca chegou a realmente encontrar um limitador pra si mesmo.
Mas por pura opção e desalento, resolveu se nivelar por baixo.

Se acostumou e deixou de notar isso, deixou de notar suas próprias características e capacidades, seus próprios pensamentos.
Até que um dia sorriu ao amor, e isso fez com que saísse de sua bolha.

Relembrou o sabor do ilimitado, pois assim queria, queria tudo, queria ser melhor que já fora.
Tinha alguém para quem ser assim.

Ah, mas amores acabam, de uma forma ou de outra. E ele sofreu.
E novamente achou que não valia a pena. E novamente se escondeu.

E assim foi, com o gosto ainda fresco na boca, e a dor na alma.
E quando estava voltando a se acostumar, voltando a se rebaixar, a diminuir sua qualidade a níveis antes rissíveis, veio alguém para sacudí-lo.

Ela veio, e o sacudiu, fazendo as teias de aranha na sua mente dissolverem-se.
E ele viu seus erros. Como fora tolo.

Agora luta contra si, é como atravessar um jardim que por anos ninguém cuidou. É uma verdadeira selva.
O ponto de ânimo que necessita está ali em frente, quase alcançado. A boca salivando de desejo por si mesmo.

Um tão jovem garoto tão velho de espírito, agora já não tão jovem em busca de rejuvenescer sua alma.
Assim sendo, o melhor momento para a melhor inspiração. Desta vez o tempo está ao seu lado, aquele tolo que ainda vive em erros.

Vá Mauro, puxe o papel, segure a caneta, e voe.
Tente encontrar o limite.

terça-feira, 23 de março de 2010

*suspiro*


A mente dá voltas e volta ao seu lugar...

A presença some mas não deixa de existir...

Sua imagem em minha mente a insistir.

segunda-feira, 15 de março de 2010

Cognitio Derelictum - Aniversário

Raul observava Furlan com notável interesse. Ele andava de um lado para outro do Cognitio Derelictum, organizando e reorganizando a festa surpressa de Amanda. Ligou para os amigos dela [havia conseguido a lista de telefones não se sabe como], e iria perder todo o lucro da noite por causa desta festa.

- Furlan?
- Que foi?
- Vai se declarar pra ela?
- Como é?
- Oras, olhe a trabalheira que você está tendo por ela. Fala sério, tu tá totalmente apaixonado.

Furlan resmungou algo incompreensível, e encarou Raul com um rosto pensativo. Logo após continuou a organizar o lugar. Egon chegou aproximadamente cinco minutos depois, e ao ver o rosto de Furlan ainda pensativo, não falou nada e foi direto conversar com Raul. Olhou para Furlan e perguntou:

- Diagnóstico?
- Ah, ele tá perdido, o inconsciente provavelmente já notou isso, o consciente aparentemente não acredita, ou prefere não acreditar.
- Caso complicado.
- Já viu ele assim antes?
- Já, mas nada deste porte.
- Vão falar sobre mim quanto tempo?
- Até adivinhar a data do casório.
- *Suspiro*, sabe Egon, às vezes você fala demais.
- Ah, qual é Furlan, tu tá caidinho por ela.
Furlan vira o rosto e continua:
- E vocês acham que eu não sei disso? Eu sei que gosto dela, mas ainda não sei precisar o quanto, só sei que ela me faz bem.
- E é o suficiente pra fechar a casa por uma noite pra fazer uma festa, não é?
- Tu fala como se eu nunca tivesse feito isso antes, para vocês inclusive.
- Oras, é diferente.
- Diferente nada, posso conhecê-la a pouco tempo, mas me diga Egon, o tempo de uma amizade faz tanta diferença assim?

Egon não respondeu, sabia que o tempo não importava, e agora conseguiu compreender Furlan.
Ele não estava perdido, estava receoso, e queria aproveitar todo o tempo que pudesse para fazê-la feliz. Assim ele ficaria feliz. E não queria perder tempo, sofreu por perder tempo estupidamente no passado.
Agora Egon entendeu o quanto Amanda se tornara especial para ele, e sorriu.

- Ah, Furlan... Vamos, pecisa de ajuda em quê?

Organizaram tudo, os amigos dela chegaram, e então todos esperaram por ela.
Quando ela abriu a porta, uma leve brisa soprou por detrás dela, ela fechou os olhos por um instante absorvendo a sensação. Foi uma cena linda.
Abriu os olhos, viu a organização do lugar, fitou Furlan, no balcão, sorrindo para ela. Respirou profundamente e então disse:

-


Hum, essa fala não sou eu quem inventa. E então Amanda, o que você disse?

^^,

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segunda-feira, 1 de março de 2010

Nobreza

Estou curioso de como este post vai ficar, se por acaso lembrar de tudo o que quero falar...

Escutando "I close my eyes".


Sem falsa modéstia, eu conheço as pessoas.
Não sei dizer o porquê, mas conheço. Sei quando vou gostar de alguém, e quando não vou gostar. Às vezes, logo de cara, só de ver ou cumprimentar pela primeira vez, outras vezes demora um pouco, algumas breves conversas.
Mas não erro, a partir do momento que meu inconsciente reúne informações importantes sobre qualquer um, ele me entrega em forma de intuição.
Sempre dou chance ao erro, sempre tento conhecer essa pessoa mesmo se meu incosciente diz que não nos daremos bem [ou quase sempre, apesar de não lembrar de não ter feito isso alguma vez].

A muito, muito, tempo atrás eu encontrei um informação que pressumi que fosse o motivo de tal característica minha. Chama-se 'hiperestesia indireta', ou 'hiperestesia indireta do pensamento'. Há uma diferença entre esses dois termos, porém já não recordo dela.
Basicamente, se tratado de uma maneira simples, pode-se dizer que a mente humana é uma antena, que envia e recebe informações o tempo todo. Geralmente, quer dizer, quase sempre, estas informações recebidas não passam do campo inconsciente da mente, sendo descartada logo após na maioria das vezes. Porém algumas vezes esta informação "passa" para o lado consciente.
Mas realmente, isso é muito raro de acontecer, e casos como eu imagino que deva ser o meu, mais raros arinda. Afinal, essa característica é presente de maneira constante em mim, quando no resto das pessoas ocorre em escassas ocasiões.

Logo, como eu disse, sem saber o porquê, eu conheço às pessoas.
Já confio tanto nesta intuição, que quando é algo bom que sinto, já nem fico procurando motivos pra justificá-la, eles acabam vindo com o tempo, naturalmente.
Mas acontece que a pouco tempo, alguém me achou, e me obriguei a procura um motivo para uma característica em especial.

Me achou, e me chamou a atenção com um simples oi. Essa guria...
Mora longe, a várias centenas de quilômetros, mas para a mente não há um limite espacial conhecido. Então, logo de cara, veio aquilo 'vou gostar desta guria', e gostei, e gosto.
Claro, numa distância assim, talvez o tanto que meu inconsciente a conheça não seja o suficiente pra ter certeza de algo, apesar de nunca ter tido motivos para questionar essa sensação.

Quem me conhece bem sabe disso, quem não conhece sempre desconfia quando eu falo isso, eu não minto.
Ah, sim, claro que eu desconverso, mudo de assunto, quando não quero falar de algo, não adianta, não vai tirar essa informação de mim. Logo, mentir é desnecessário, e uma saída muito fácil, coisa que eu não gosto.
Sendo assim, quando falo algo à alguém, estou falando a verdade.
Pois bem, eu disse à essa guria, naquelas minhas despedidas características [exageradas], que ela é nobre. Pois foi algo que meu inconsciente me informou.
Nobre, mas por que?
Eu não sabia, só sabia que é. E quando ela me questionou a respeito pedi que esperasse, pois daria uma resposta mais concreta e aprofundada com o passar do tempo [quando fosse conhecendo ela mais 'conscientemente'].

Imagino que chegou a hora disso, minha nobre Amanda.
Segundo o dicionário que tenho em mãos nesse instante, nobre é alguém "muito conhecido; notável; famoso; que pertence à nobreza; majestoso; dadivoso; elevado; ilustre", ah sim, ela é nobre.
Ela se faz notar, de uma maneira que não sei descrever...
Majestosa? Uma dádiva? E como não? Uma guria que apóia os amigos quando eles precisam não deve receber adjetivos abaixo desses. Tem aquela cpacidade rara de não ficar alimentando o rancor dentro de si. Poxa, ela foi capaz de me fazer voltar a escrever e desenhar com uma influência tão natural que imagino que talvez nem ela tenha notado a importância que teve nisto.
Isso é ser nobre.
Sem falar na diversidade de habilidades dela, musica, arte, a vontade de conhecer e enfrentar o mundo, características existentes, sim, em pessoas nobres.
Eu podia ficar aqui, falando, teclando, por muito tempo, sobre tudo aquilo de bom e nobre que já encontrei nela, podia mesmo. Mas colocar alguém assim em palavras, é limitá-la. As palavras não são suficientes...
Ah, ela vai dizer que eu deixo ela encabulada falando isso, mas é bom ir se acostumando...
^^,

Por fim, Amanda, sim, tu és nobre. Uma das personalidades mais nobres que já tive prazer em conhecer.

Sem mais por hoje,
fiquem bem...

Sonhos...

Meus sonhos.
Meus sonhos mais cedo, ou mais tarde, sempre me fizeram sofrer.
Maldita mania de sonhar sempre com o que é difícil, complicado, cheio de dificuldades.
Maldita paciência, e maldito raciocínio que sempre encontra uma solução, sempre acabo por esperar por aquela minima chance que minha mentre me mostrou existir.
Agora sofro. Mais cedo.
Maior dos sonhos, e o melhor até agora.
Mas... tão... tão... distante de acontecer, de ser real.
Parece não passar de apenas isso mesmo, um sonho.
Certa vez disse à um amigo:
"Sempre sou sábio, quando posso."
Inquietado, ele me perguntou em que ocasiões eu não poderia ser.
A resposta, transcrita aqui, foi essa:
"Quando não há tempo, ou quando percebo algo tarde demais, ou quando a razão é dominada pela emoção ou os instintos."
Pois bem, minha sabedoria me avisou a respeito deste sonho.
Porém não houve tempo, ele surgiu do nada, simplismente de um dia para o outro estava ali, e eu nem havia percebido, o que foi o segundo erro, cresceu e cresceu, este sonho. Quando dei por mim, a razão, puff, essa já era...
Um sonho, e detonou minha sabedoria em todos os aspectos de apenas uma vez.
Mesmo assim estava bem. Até ver que o meu sonho podia estar perdido antes mesmo de ser alcançado.
Foi aí que a minha angústia começou.

Talvez só me reste esperar mesmo.
Esperar o tempo...
Esperar, e ler nas entrelinhas do destino...
Esperar... e sonhar...

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Furlan VS Louva-Deus

Furlan havia chegado do trabalho, era uma noite chuvosa.
Estava olhando televisão, quando sentiu, sabia que havia algo mais na cozinha, onde olhava aquelas imagens cintilantes pela tela.
Olhou em volta e viu, um louva-deus na cortina acima da pia. Assustou-se, desde criança foi ensinado a temer louva-deuses.
Pegou seus chinelos, então fez movimentos em direção ao inseto maldito, ele voava um pouco, e voltava para onde estava anteriormente. Até determinado momento [uma eternidade] em que ele resolveu pousar na própria janela [e acreditem, ele conseguia andar calmamente sobre o vidro].
Furlan aproveitou a oportunidade, pegou o inseticida que estava por perto e disparou [a uma distância segura]. O jato alcançou fracamente o louva-deus, mas foi o suficiente para fazê-lo ficar tonto. Ele andou para o lado e caiu para fora da cozinha, para fora da casa, vitória.
Furlan foi para fora olhar que havia acontecido ao pequeno ser. Lá estava ele, sobre a mesa que fica na área externa. O maltido voou. Voou na direção de Furlan, mas pousou antes de alcançá-lo. O jovem, nervoso com a situação jogou um dos chinelos que estava em suas mãos. Ele errou, por milímetros, mas errou.
Atirou então outro chinelo, outro erro. Fechou a porta e pegou os chinelos do irmão mais novo, reabriu a porta e o inseto novamente voou em sua direção, e novamente não foi até o final, pior, parou em cima do próprio chinelo anteriormente arremessado, pose de superior.
Furlan irritou-se com tal afronta, atirou os chinelos do irmão, um erro depois do outro. Refechou a porta, buscou os chinelos de sua mãe, e calçou outros chinelos do irmão mais velho. Ao voltar a abrir a porta o inseto voou, mas dessa vez em direção ao botijão de gás [que estava próximo de Furlan]. E lá se foi um dos chinelos da mãe em erro continuo.
O jovem voltou a pegar o inseticida, e desta vez não economizou, o pobre louva-deus caiu, ainda vivo, do botijão. Furlan ia atacar novamente, e qundo se aproximou o inseto fez um ruído estridente, assustador, e ele recuou, mas teve uma idéia.
Furlan entrou na casa, pegou um isqueiro e um desodorante. Flamas, o inseto ainda vivia. Últim chinelo a ser arremessado. Na mosca, digo, louva-deus. E então, numa atitude anti-desportista, de mau ganhador, ele incinera o guerreiro verde. É o fim.
Ele junta os chinelos espalhados por todo o lugar.
Entra em casa, devolve os chinelos aos dormentes familiares.

Nada mal para uma madrugada, ainda mais quando se está simples e unicamente enrolado na sua toalha, pronto para tomar seu banho.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Das Utopias

Se as coisas são inatingíveis... ora!
Não é motivo para não querê-las...
Que tristes os caminhos, se não fora
A presença distante das estrelas!

Mário Quintana

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Cognitio Derelictum - Inovações parte 2

Furlan estava sentado no seu local habitual do pub, geralmente se mantinha lá até o movimento aumentar, e então se dirigia ao seu escritório no interior do estabelecimento.
- Furlan!
Ele olhou para o bar, Raul estava lá, e apontava para a jovem, Amanda. Fez um sinal com a cabeça para ele, e então esperou que ela se aproximasse.
Ficou observando ela se aproximar, e deu um pequeno sorriso quando ela lhe olhou.
- Olá, pode sentar.
- Obrigada.
- Então, senhorita Amanda, andei olhando seu currículo. E devo dizer, gostei dele. Mas antes de lhe contratar tenho que perguntar uma coisa.
- Tudo bem. Mas pode me chamar só de Amanda, por favor.
- Fiquei sabendo que você aceitaria trabalhar aqui até mesmo lavando pratos, isto é verdade?
- É sim.
- E posso saber por que?
- Ora, por tudo isso.
Levantou os braços como se estivesse mostrando o pub para Furlan.
- Sempre quis trabalhar em um lugar como esse, repleto de pessoas interessantes.
- Mas, se você ficasse lavando pratos, não veria os clientes que frequentam o Cognitio.
Ela olhou ele nos olhos, depois olhou em volta distraídamente, fitou a mesa por alguns instantes, então olhou novamente para ele e respondeu.
- Não são só eles que são interessantes.
Por um instante Pietro sequer respirou, depois voltou perdido à realidade. Pegou o currículo já decorado em suas mãos e fingia procurar algo.
Respirou fundo e continuou.
- Bem, Amanda, olhando aqui, acho que posso lhe conseguir algo melhor do que lavar pratos.
- Mesmo? O que?
Furlan estava perdido por causa daquele sorriso desconcertante, e agradecido por Egon não estar por ali para ver isso.
- Vejamos, acha que tem algo que poderia ser mudado por aqui?
Olhou em volta e rodopiou o dedo em riste.
- Hum... Bem talvez algumas coisas.
- Ótimo, se aceitar, será nossa decoradora, a primeira aliás, e então?
Ela arregalou os olhos e alargou seu sorriso.
- Claro, claro que sim, começo quando?
- Bem, oficialmente amanhã, traga sua carteira de trabalho, mas se quiser, pode ir planejando algo hoje mesmo. E aproveite o Cognitio, tudo por conta da casa, faça uma avalição completa.
- Nossa, nem estou acreditando, vou ficar hoje sim. Obrigada.
- Não há o que agradecer. Agora tenho que falar com Raul, aquele rapaz que lhe disse para vir falar comigo, até mais tarde.
Sorriu para ela e foi até o balcão.

Mais tarde, Furlan ainda estava no balcão, sentado em um dos bancos. Observava o movimento e Amanda olhando tudo e fazendo pequenas anotações.
Um rapaz chamou sua atenção, pois acabara de entrar e já estava notavelmente bêbado. Perguntou-se por que Luigi deixara alguém nesse estado entrar ali, olhou para Raul com o cenho fechado e fez um sinal em direção ao rapaz.
O jovem sentou em uma mesa, próximo de Amanda, que estava lendo os títulos dos livros na parede sul do pub.
- Mande Call chamar o Luigi, mas sem alarde.
Raul assentiu e entrou para dentro do bar para chamar Call.
O rapaz ficou encarando Amanda, que olhava os livros, então começou a falar tão alto que quase todos ouviam.
- Você é bem bonita sabia. A piranha da minha ex também era.
Ela olhou assustada para ele, então afastou-se um pouco, esperando que ele parasse.
- Aliás, é bem mais bonita que ela, rá, só porque eu dava uns tapinhas nela ela resolveu chamar a polícia. Vadia.
Amanda olhou assustada em volta, Furlan já havia se levantado e se dirigia ao jovem. Call, saía de trás do balcão e ia em direção à entrada.
- Devia ter visto a cara que ela ficou hoje, haha, toda pintadinha, roxo e preto. Mas vem cá gatinha, você ainda não me disse seu nome.
- Desculpe, mas você tem de sair daqui agora.
O rapaz olhou para Pietro e gritou.
- Vai à merda, você sabe quem eu sou?
Nesse instante Call reaparece na entrada e grita.
- O Luigi está inconsciente no chão.
O rapaz levanta-se e saca uma arma, a qual aponta para a cabeça de Furlan.
- Ele não devia ter tentado me empedir de entrar aqui, ora aquela piranha adorava vir aqui, HAHAHA, agora nunca mais vai vir, nunca mais vai ir em lugar algum.
Furlan resetou o corpo e ficou parado, olhando para o jovem sem sequer piscar.
- Eu sou Leon Zucchini. Agora me traga uma bebida. Ou então...
Ele engatilhou a arma. Furlan sorriu e disse.
- Tudo bem.
Ouviu-se um disparo, o rapaz estava caído no chão, atrás dele estava Amanda, com um grande livro, que mal conseguia segurar, olhava com o rosto assustado para Pietro, e este ainda a sorrir.
- Ele, não te acertou?
- O que? Mirando dois metros acima de mim? Duvido muito, bêbado idiota. Aliás, adoro esse livro "o Tempo e o Vento", primeira edição sabe. Sempre nos salva nos piores momentos, noites solitárias ou bêbados armados, são sempre a solução.
Ele foi até ela, no caminho chutou a arma para longe, e Raul foi pegá-la.
- Vá ajudar o Luigi, e chame uma ambulância pra ele, desse eu cuido.
Alcançou Amanda, tirou o livro das sua mão, olhou pra ele, sorriu, e voltou os olhas para fitá-la, ainda sorrindo.
- Péssimo primeiro dia, não é? Nem sempre é assim. Aliás, obrigado por salvar minha vida.
Ele largou o livro na mesa, olhou novamente para ela, que estava com lágrimas nos olhos. Ela avançou um passo e o abraçou.
- Tudo bem, tudo bem. Já acabou, não se preocupe.
Fez ela sentar-se na cadeira e então pegou o rapaz no chão pelo cangote, apertando firmemente.
- Muito bem, meu caro Zucchini, vamos dar uma voltinha.
Saiu com ele pela porta principal, onde lá fora a família de Luigi já estava tentando reanimá-lo. Eles moravam perto, e ouviram o tiro vindo do local.
- O que houve Pietro?
- Mario, quero lhe apresentar esse babaca, babaca, esse é Mario, o irmão do cara que você nocauteou, e olhe, esses te olhando, são o resto da família dele.
O rapaz arregalou os olhos, já prevendo o pior.
- Mãe, cuide do Luigi, nós vamos dar uma voltinha.
Mario agarrou Leon pelos cabelos e saiu arrastando-o, outros três homens da família o seguiram.
- Venha, vamos lhe mostrar essa parte da cidade amigo.
Pietro olhou para Raul, e este disse que estava tudo bem, melhor era entrar e acalmar às pessoas que ainda estavam lá. Ele entrou e então viu todos ainda sentados em seus lugares, um pouco tensos, é verdade, mas mesmo assim, sem aparentar vontade de ir embora.
- Eu falei com eles, acho que vai ficar tudo bem, e ah, prometi um desconto de 30% pra eles, tudo bem?
Furlan ainda estava aturdido.
- Heim? Claro, tudo ótimo. Vamos, vamos beber algo.
Foram até o balcão. Sentaram e Furlan começou a gargalhar baixinho, então parou e ficou sorrindo para Amanda. Ela sorriu, levantou as sombrancelhas, virou o rosto, mas continuou olhando para ele.

E ficaram assim, por algum tempo.

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sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Cognitio Derelictum - Inovações

Pietro Furlan, como sempre, estava a caminhar em direção ao Cognitio Derelictum.
Na mente as mudanças que ocorreram, naquele ano faziam três anos de sua inauguração. Tantos funcionários que já se foram, Mário [Luigi ainda trabalha lá], Agatha [Sumiu, tão subitamente como chegou], tanta coisa havia mudado, Egon voltara de sua viagem, Raul amadureçera tanto.
Andava, com as mãos no bolso, e o ar batendo no rosto.
Ao chegar no pub, abriu a porta e de lá saiu uma jovem, notável jovem. Sorriu e disse:
- Oi.
Pietro disse um olá meio torto, a cena o desconcentrara, ainda estava com um pé no ar, entrando no pub. Acabou entrando por instinto.
Egon o olhou de soslaio, e com um sorrisso perguntou.
- O que houve?
- Heim? Por que?
- Ora, essa tua cara de perdido, tá pensando em que? Ou melhor, em quem?
- Eu? Ah, ninguém... ...quem era essa moça que acabou de sair?
Egon deu uma bela gargalhada antes de continuar.
- Ela? Hum, é, já imaginava que ia perguntar. Tome, é o currículo dela.
- Tá, tá, me dê, e pare de pensar bobagens.
- Que bobagem? Não estou pensando em nada.
Beneddeto girou os olhos. E Furlan levantou uma sombrancelha olhando para ele.
- Hum, Amanda...
- O que?
- Eu disse que o nome dela é Amanda.
- Eu sei, já li o currículo. É ótimo se quer saber, já a teria contratado, mas você insiste em saber de tudo o que ocorre por aqui. Apesar... que eu acho que não vai fazer nenhuma objeção nesse caso vai?
- Ó noossaa, você lê a minha mente. Não há nada sobre cargo aqui, ela disse algo a você?
- Disse que trabalharia até lavando pratos.
- Isso é sério?
- É.
- ...
- E então?
- Ah, sim, está contratada, estava pensando no que ela poderia fazer...
- Haha, contrata e nem dá um serviço, logo vi.
- Viu o que?
- Nada, nada, vamos, sei que já tem algo em mente, o que é?
- Decoração. Ela parece que tem um quê artístico.
- Como é? Furlan, o gran paisagista do Cognitio, contratando alguém para remodelá-lo? Eu tive que brigar contigo por meses por umas mudancinhas.
- Eu já estava pensando em mudar as coisas, naquela época das suas mudanças não.
- Você mente muito, muito mal.
- Não importa, e então, VOCÊ tem algo contra?
- EU? ha, como se pudesse ter sem você me arrancar o figádo e comê-lo na minha frente.
- Isso seria nojento, eu iria assá-lo antes.
- Claro, claro.
- Muito bem, peça para o Call ligar pra ela, e avisá-la para aparecer aqui mais tarde.
- Sim, chefe.
- E desde quando eu sou o teu chefe?
- Hum, então... sim, sócio opressor e possessivo.
- Porém charmoso.
- Claro, sócio opressor e possessivo, porém charmoso... Ou quase.


Continua...
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segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Vida... ó vida

Sem histórias e coisas assim hoje, só constatações.


Descobri que:
- Quando falta energia eu aperto o interruptor mesmo assim.
- Se eu digo 'vai chover às sete', então às sete em ponto começar a chover. [é aconteceu Oo]
- Sou praticamente imune aos musquitos que incomodam o povo aqui de casa.
- Nessas férias todos estão sumidos.
- Estou num momento Charlie Brown. [*suspiro*]
- Está na hora de continuar a escrever meu livro, acho que com o IPod vai ficar mais fácil, já que quando me der vontade de escrever vou poder fazê-lo.


E uma tirinha para ilustrar...




* [Ou já nem tão ruiva assim] *

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Poesia momentânea #1

Estrelas singram a noite,
num mar denso de mistério.
Do ar, distante vem seu perfume,
o aroma desta garota que tanto quero.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Inspiração

Eu saio para a rua.
Eu vejo o céu, as nuvens.
No ar o cheiro inconfundível do passado, e do futuro.
Esse é o meu presente.
Isto é do que eu preciso.