Furlan andava pelas reulas da grande Roma, andava distraidamente, com o pensamento voando solto sem se prender em nada. Estava indo ao pub um pouco mais cedo do que o costume. Na verdade ele nem seria aberto hoje, era o dia da revisão e desinsetização anual, regra que Furlan seguia à risca. Mas sabia que Beneddeto estaria lá organizando as bebidas e afins. E ele queria uma companhia para conversar.
Chegou, checou a porta e viu que ela já estava aberta. Entrou e acertou quanto ao fato de Beneddeto, só errou na quantidade, tanto Raul quanto Egon estavam lá.
- Ei, olhe quem chegou...
- Como vão os irmãos Beneddeto?
- Ora, eu vou muito bem obrigado, já Raul eu acho que andou cheirando veneno contra pragas demais.
- Hahaha, engraçadinho dá próxima você fica encarregado da limpeza pós-desinsetização.
- Calma Raul, como sabia que estavam aqui vim convida-los para sair, tomar algo, bater papo e rirmos dos estrangeiros...
- E não somos todos estrangeiros aqui?
- Então vamos rir de nós mesmos também, oras...
- Hahaha, o Furlan esta mesmo de bom humor hoje não está? Fico imaginando o motivo dessa alegria.
Raul olhou para o irmão com um sorriso de escárnio no rosto. O rosto de Egon abriu em um sorriso semelhante.
- Pois é, meu irmão acho que nosso querido amigo levou uma flechada do cupido.
Egon imitou uma flecha sendo lançada de modo bem espalhafatoso. Furlan o olhou e levantou uma sobrancelha e fez um sorriso torto.
- Não sei do que está falando...
- Ah sim claro que não sabe.
Os irmãos se olharam e cairam na gargalhada. Depois Egon ainda com um sorriso no rosto olhou maliciosamente para Furlan e depois para a direção onde fica o acervo de livros do pub, sem em nenhum momento disfarçar a diversão no seu rosto. Quando Furlan viu quem estava lá entendeu a zombaria deles, era Agatha, após vê-la e voltou seu olhar mais para Raul que Egon, e fez um sinal como que perguntado o que ela estava fazendo ali.
Raul, deu de ombros ao mesmo tempo que revirava os olhos, e seu irmão caiu na gargalhada ao ver a cena.
- Engraçadinhos.
Agora a risada era dos dois. E foi de tal maneira que fez com que Agatha vira-se para ver o que estava acontecendo. Ao ver Furlan ali piscou algumas vezes com se estivesse adaptando os olhos à luminosidade, depois fez uma cara de alegria misturada com surpresa.
- Olá Furlan, não tinha visto você aí.
- Nem eu você, boa noite. Mas me diga, o que esta fazendo aqui hoje?
- Perguntei ao Raul ontem se poderia vir até aqui hoje para reorganizar melhor os livros, e pesquisar novas aquisições, acho que vai gostar do trabalho.
- Ah, certo então...
Furlan deu um sorriso meio torto novamente, depois lançou um olhar zangado aos irmãos que simplesmente viraram os olhos disfarçadamente.
- Aliás, - continuou Agatha - do que estavam rindo.
Ela então colocou um livro na estante e começou a vir em direção de onde estava Furlan que neste momento parou de fitar os irmão atrás do bar e virou seu olhar para ela.
- Bem, ao que parece meus caros amigos estão me achando feliz demais para mim mesmo.
- Haha - ela então parou em uma posição semelhante à de um critico de arte ao analizar uma obra - ora, acho que eles tem razão, e você fica mais bonito sorrindo.
Furlan não conseguiu juntar coragem para olhar os irmão Beneddeto naquele momento, mas podia sentir suas risadas sufocadas. Então respirou fundo por um momento, e virou o rosto para os dois.
- E então vamos ou não?
- Claro que sim, mas com uma condição.
Egon fez um sinal com a cabeça na direção de Agatha. Furlan revirou os olhos.
- Nos daria a honra da sua companhia senhorita?
Falando isso Furlan fez um gesto exagerado com o braço, ofereçendo-o para Agatha. E para sua surpresa quando viu ela já estava agarrada ali.
- Ora é claro.
Ela falou isso com um grande sorriso no rosto, o que fez com que Furlan, apesar de surpreso com a reação também sorrisse.
- Viu eu disse que você ficava mais bonito assim.
- Hum, então quer dizer que quando estou sério eu sou feio?
Ela respondeu timidamente, quase num sussurro.
- Não foi isso que eu disse.
Furlan a fitou por um momento, ela o olhava também.
- Gostaria de saber o que tem no seu olhar que me faz me sentir segura com você.
- Ora minha cara e bela Agatha - era Egon falando - esse é o dom do Furlan, ele inspira a confiança de qualquer um, e pra dizer bem a verdade até hoje ele fez por merecer esse dom.
- Que bom então.
Falando isso Agatha aconchegou-se mais no braço de Furlan.
- Bem, vamos indo ou eles vão começar a dissecar a minha história de vida.
- Eu não me importaria de ouvir.
- Nem nós de contar.
Furlan virou o rosto para Egon.
- Agora chega, vamos.
Foram todos andando e conversando até uma rua mais movimentada e aberta da cidade e seguiram até um restaurante que dava uma visão privilegiada da cidade, onde sentaram em uma das mesas localizadas na calçada. Agatha não largou o braço de Furlan até que chegaram ao local, mas em algum momento do caminho seus mãos se juntaram, e os dedos se entrelaçaram.