sábado, 17 de julho de 2010

Metrô

Andaram juntos até o metrô, chovia muito. Entraram no vagão, e estavam completamente secos. Naya sorriu e olhou, sem mover o rosto, para Marconi.

- Adoro quando faz isso.

- É dessas coisas que se aprende pela vida. [Arqueou a sombrancelha esquerda, e olhou sorrindo para ela.] Vamos sentar ali.

Sentaram no início de um banco largo. Um instante antes do trem sair, um grupo entrou no vagão. Vestiam preto, camisetas de banda, de tribos variadas, mas um povo underground.
Tanto Naya, quanto Marconi olharam com desinteresse.

- Lembro do meu tempo assim.

- Eu também Naya, eu também.

Um dos integrantes do grupo, um gordo, com o rosto todo maquiado, usando uma saia por cima da calça, sentou ao lado de Marconi. Ele parecia estranho até mesmo para o seu grupo.

- Hei cara, e aí? Legal essa tua roupa. Elegante, mas sinistra, soturna. E da guria ali também, e putz qua corpaço heim.

Ambos olham para o gordo, Marconi apenas agradece polidamente.

- Tu até parece alguém do movimento, diz aí, tu tem tatuagem, piercing? Que banda que tu ouve? Temos cigarro e vinho aqui, quer um pouco?

- Minhas marcas são diferentes, e nunca me interessei em colocar piercing. Pouco escuto música, e o que escuto não gravo nomes. E obrigado, mas não fumo, e hoje já bebi o suficiente. Você quer Naya?

- Esse vinho ruim? Bleargh, não me insulte.

- Vocês que sabem. Só não entendi vocês com essas roupas agora. Não pode usar roupas assim se não faz parte do movimento, nem sequer bebe ou fuma.

Naya finge se aconchegar ao lado de marconi para falar ao seu ouvido.

- Tudo isso acontecendo com meu irmão e ainda tenho que pegar trem com um gordo babaca. Olha só, os outros até se afastaram dele.

O gordo agarra o ombro direito de Marconi e então fala.

- CARA! Olha só esta insígnea. É prata mesmo? Fica muito legal no couro da jaqueta. Deixa ver, são os quatro elementos, e um dragão os envolvendo. Uma amiga tem um parecido, só que é um minotauro no lugar do dragão.

Marconi estreitou os olhos a fitá-lo. Ele sabia que havia poucas pessoas que pudessem ter aquele tipo de insígnea no mundo. E a marca do minotauro, essa era a marca de Yami.

- Solte agora mesmo a minha jaqueta.

O gordo soltou a jaqueta fazendo uma carranca. Depois pegou a garrafa de vinho e voltou a beber.

- Ah, vai te catar.

Ao ouvir isso, Marconi simplismente fechou os olhos para não perder o controle de si. Naya, ainda recostada nele falou ao seu ouvido.

- Marque-o.

Marconi a encarou, seus olhos brilhavam num branco ofuscante, o gordo não se moveria. Então ele suavemente pousa sua mão na têmpora do gordo e se concentra. Nos seus ohos há apenas o branco natural, e aos poucos uma lua crescente vai se formando. Quando a lua crescente se tornou completa, ele fechou os olhos e largou o gordo, que simplismente deixou a cabeça pender para trás sem resistência, inconsciente.

- Ele é patético.

- Marconi?

Marconi volta a abrir os olhos para olhar Naya, ambos já com os olhos normais.

- É um filhinho de mamãe. Só faz pose de revoltadinho sem causa. Eu é que não quero a essência dele em mim.

- O que vai fazer?

- Vou para onde devemos ir, seu irmão é a prioridade. Além de quê, tem um canil no caminho.

Naya sorri.

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domingo, 11 de julho de 2010

Bär

Ele entrou no bar do vilarejo, e sentou-se na mesa no canto mais afastado dos outros no local. Aparentava ser um jovem nos seus 20 e tantos anos. Parecia calmo, pediu dois copos de vinho e abaixou a cabeça.
Ao levantar uma jovem estava sentada a sua frente.

- Senti sua falta, Naya.

Ela franziu o cenho, ele ter requisitado esse encontro já era estranho, e o fato de ser naquele vilarejo afastado apenas piorava seu mau pressentimento.

- O que aconteceu com meu irmão?

- Ele foi pego... [ele fez uma pausa ao chegar os copos de vinho, depois de um gole continuou] ... mas não foi tocado. Foi difícil parar os Captores. Daqui irei direto até onde ele está.

Ela encara o seu copo de vinho. Depois vira seu olhar para ele e não fala nada.

- Não vai conseguir informação nenhuma assim Naya, muito menos me confundir, você sabe.

- Mas até agora não me disseram o que ele fez. Eu preciso saber.

- Foi por isso que eu te chamei. [Outro gole de vinho] Ele estava investigando o caso Pamela, e aparentemente ela o seduziu. Durante a última investida que fizemos contra ela, ele a protegeu e ajudou a escapar, graças a isso 7 agentes morreram. Você sabe muito bem que o minímo que fariam com ele seria a morte, eu os parei com o pretexto de conseguir informações. Parei por você. Agora é preciso que você vá falar com ele e o convença a dizer apenas a verdade, e não omita nada, você sabe que nem adiantaria, mas isso pode salvar a vida dele.

- Meu irmão... ele nunca se deixaria seduzir.

- Ele não deixou, essa é a habilidade dela, ou melhor, uma delas. Mas não posso falar sobre isso.

- E se ele falar a verdade, o que acontece?

- O que ele fez foi muito grave, mas vou tentar convencê-los da situação em que ele se encontrava. Com muita sorte ele será mandado para o campo de reabilitação, mas eu duvido, a outra boa opção é ele ser expulso da corporação.

- Só isso?

- E eu vou ter de marcar ele antes.

- Marconi!

- Naya, ou é isso ou a morte.

Ela toma todo o seu copo de vinho de uma só vez.

- Meu irmão... marcado... [sorri] Isso vai ser interessante.

Ele também sorri.

- Agora vamos até ele, temos uma longa noite pela frente.

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