domingo, 14 de fevereiro de 2010

Cognitio Derelictum - Inovações parte 2

Furlan estava sentado no seu local habitual do pub, geralmente se mantinha lá até o movimento aumentar, e então se dirigia ao seu escritório no interior do estabelecimento.
- Furlan!
Ele olhou para o bar, Raul estava lá, e apontava para a jovem, Amanda. Fez um sinal com a cabeça para ele, e então esperou que ela se aproximasse.
Ficou observando ela se aproximar, e deu um pequeno sorriso quando ela lhe olhou.
- Olá, pode sentar.
- Obrigada.
- Então, senhorita Amanda, andei olhando seu currículo. E devo dizer, gostei dele. Mas antes de lhe contratar tenho que perguntar uma coisa.
- Tudo bem. Mas pode me chamar só de Amanda, por favor.
- Fiquei sabendo que você aceitaria trabalhar aqui até mesmo lavando pratos, isto é verdade?
- É sim.
- E posso saber por que?
- Ora, por tudo isso.
Levantou os braços como se estivesse mostrando o pub para Furlan.
- Sempre quis trabalhar em um lugar como esse, repleto de pessoas interessantes.
- Mas, se você ficasse lavando pratos, não veria os clientes que frequentam o Cognitio.
Ela olhou ele nos olhos, depois olhou em volta distraídamente, fitou a mesa por alguns instantes, então olhou novamente para ele e respondeu.
- Não são só eles que são interessantes.
Por um instante Pietro sequer respirou, depois voltou perdido à realidade. Pegou o currículo já decorado em suas mãos e fingia procurar algo.
Respirou fundo e continuou.
- Bem, Amanda, olhando aqui, acho que posso lhe conseguir algo melhor do que lavar pratos.
- Mesmo? O que?
Furlan estava perdido por causa daquele sorriso desconcertante, e agradecido por Egon não estar por ali para ver isso.
- Vejamos, acha que tem algo que poderia ser mudado por aqui?
Olhou em volta e rodopiou o dedo em riste.
- Hum... Bem talvez algumas coisas.
- Ótimo, se aceitar, será nossa decoradora, a primeira aliás, e então?
Ela arregalou os olhos e alargou seu sorriso.
- Claro, claro que sim, começo quando?
- Bem, oficialmente amanhã, traga sua carteira de trabalho, mas se quiser, pode ir planejando algo hoje mesmo. E aproveite o Cognitio, tudo por conta da casa, faça uma avalição completa.
- Nossa, nem estou acreditando, vou ficar hoje sim. Obrigada.
- Não há o que agradecer. Agora tenho que falar com Raul, aquele rapaz que lhe disse para vir falar comigo, até mais tarde.
Sorriu para ela e foi até o balcão.

Mais tarde, Furlan ainda estava no balcão, sentado em um dos bancos. Observava o movimento e Amanda olhando tudo e fazendo pequenas anotações.
Um rapaz chamou sua atenção, pois acabara de entrar e já estava notavelmente bêbado. Perguntou-se por que Luigi deixara alguém nesse estado entrar ali, olhou para Raul com o cenho fechado e fez um sinal em direção ao rapaz.
O jovem sentou em uma mesa, próximo de Amanda, que estava lendo os títulos dos livros na parede sul do pub.
- Mande Call chamar o Luigi, mas sem alarde.
Raul assentiu e entrou para dentro do bar para chamar Call.
O rapaz ficou encarando Amanda, que olhava os livros, então começou a falar tão alto que quase todos ouviam.
- Você é bem bonita sabia. A piranha da minha ex também era.
Ela olhou assustada para ele, então afastou-se um pouco, esperando que ele parasse.
- Aliás, é bem mais bonita que ela, rá, só porque eu dava uns tapinhas nela ela resolveu chamar a polícia. Vadia.
Amanda olhou assustada em volta, Furlan já havia se levantado e se dirigia ao jovem. Call, saía de trás do balcão e ia em direção à entrada.
- Devia ter visto a cara que ela ficou hoje, haha, toda pintadinha, roxo e preto. Mas vem cá gatinha, você ainda não me disse seu nome.
- Desculpe, mas você tem de sair daqui agora.
O rapaz olhou para Pietro e gritou.
- Vai à merda, você sabe quem eu sou?
Nesse instante Call reaparece na entrada e grita.
- O Luigi está inconsciente no chão.
O rapaz levanta-se e saca uma arma, a qual aponta para a cabeça de Furlan.
- Ele não devia ter tentado me empedir de entrar aqui, ora aquela piranha adorava vir aqui, HAHAHA, agora nunca mais vai vir, nunca mais vai ir em lugar algum.
Furlan resetou o corpo e ficou parado, olhando para o jovem sem sequer piscar.
- Eu sou Leon Zucchini. Agora me traga uma bebida. Ou então...
Ele engatilhou a arma. Furlan sorriu e disse.
- Tudo bem.
Ouviu-se um disparo, o rapaz estava caído no chão, atrás dele estava Amanda, com um grande livro, que mal conseguia segurar, olhava com o rosto assustado para Pietro, e este ainda a sorrir.
- Ele, não te acertou?
- O que? Mirando dois metros acima de mim? Duvido muito, bêbado idiota. Aliás, adoro esse livro "o Tempo e o Vento", primeira edição sabe. Sempre nos salva nos piores momentos, noites solitárias ou bêbados armados, são sempre a solução.
Ele foi até ela, no caminho chutou a arma para longe, e Raul foi pegá-la.
- Vá ajudar o Luigi, e chame uma ambulância pra ele, desse eu cuido.
Alcançou Amanda, tirou o livro das sua mão, olhou pra ele, sorriu, e voltou os olhas para fitá-la, ainda sorrindo.
- Péssimo primeiro dia, não é? Nem sempre é assim. Aliás, obrigado por salvar minha vida.
Ele largou o livro na mesa, olhou novamente para ela, que estava com lágrimas nos olhos. Ela avançou um passo e o abraçou.
- Tudo bem, tudo bem. Já acabou, não se preocupe.
Fez ela sentar-se na cadeira e então pegou o rapaz no chão pelo cangote, apertando firmemente.
- Muito bem, meu caro Zucchini, vamos dar uma voltinha.
Saiu com ele pela porta principal, onde lá fora a família de Luigi já estava tentando reanimá-lo. Eles moravam perto, e ouviram o tiro vindo do local.
- O que houve Pietro?
- Mario, quero lhe apresentar esse babaca, babaca, esse é Mario, o irmão do cara que você nocauteou, e olhe, esses te olhando, são o resto da família dele.
O rapaz arregalou os olhos, já prevendo o pior.
- Mãe, cuide do Luigi, nós vamos dar uma voltinha.
Mario agarrou Leon pelos cabelos e saiu arrastando-o, outros três homens da família o seguiram.
- Venha, vamos lhe mostrar essa parte da cidade amigo.
Pietro olhou para Raul, e este disse que estava tudo bem, melhor era entrar e acalmar às pessoas que ainda estavam lá. Ele entrou e então viu todos ainda sentados em seus lugares, um pouco tensos, é verdade, mas mesmo assim, sem aparentar vontade de ir embora.
- Eu falei com eles, acho que vai ficar tudo bem, e ah, prometi um desconto de 30% pra eles, tudo bem?
Furlan ainda estava aturdido.
- Heim? Claro, tudo ótimo. Vamos, vamos beber algo.
Foram até o balcão. Sentaram e Furlan começou a gargalhar baixinho, então parou e ficou sorrindo para Amanda. Ela sorriu, levantou as sombrancelhas, virou o rosto, mas continuou olhando para ele.

E ficaram assim, por algum tempo.

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