terça-feira, 3 de março de 2009

Cognitio Derelictum - passeio

Furlan andava pelas reulas da grande Roma, andava distraidamente, com o pensamento voando solto sem se prender em nada. Estava indo ao pub um pouco mais cedo do que o costume. Na verdade ele nem seria aberto hoje, era o dia da revisão e desinsetização anual, regra que Furlan seguia à risca. Mas sabia que Beneddeto estaria lá organizando as bebidas e afins. E ele queria uma companhia para conversar.

Chegou, checou a porta e viu que ela já estava aberta. Entrou e acertou quanto ao fato de Beneddeto, só errou na quantidade, tanto Raul quanto Egon estavam lá.

- Ei, olhe quem chegou...

- Como vão os irmãos Beneddeto?

- Ora, eu vou muito bem obrigado, já Raul eu acho que andou cheirando veneno contra pragas demais.

- Hahaha, engraçadinho dá próxima você fica encarregado da limpeza pós-desinsetização.

- Calma Raul, como sabia que estavam aqui vim convida-los para sair, tomar algo, bater papo e rirmos dos estrangeiros...

- E não somos todos estrangeiros aqui?

- Então vamos rir de nós mesmos também, oras...

- Hahaha, o Furlan esta mesmo de bom humor hoje não está? Fico imaginando o motivo dessa alegria.

Raul olhou para o irmão com um sorriso de escárnio no rosto. O rosto de Egon abriu em um sorriso semelhante.

- Pois é, meu irmão acho que nosso querido amigo levou uma flechada do cupido.

Egon imitou uma flecha sendo lançada de modo bem espalhafatoso. Furlan o olhou e levantou uma sobrancelha e fez um sorriso torto.

- Não sei do que está falando...

- Ah sim claro que não sabe.

Os irmãos se olharam e cairam na gargalhada. Depois Egon ainda com um sorriso no rosto olhou maliciosamente para Furlan e depois para a direção onde fica o acervo de livros do pub, sem em nenhum momento disfarçar a diversão no seu rosto. Quando Furlan viu quem estava lá entendeu a zombaria deles, era Agatha, após vê-la e voltou seu olhar mais para Raul que Egon, e fez um sinal como que perguntado o que ela estava fazendo ali.

Raul, deu de ombros ao mesmo tempo que revirava os olhos, e seu irmão caiu na gargalhada ao ver a cena.

- Engraçadinhos.

Agora a risada era dos dois. E foi de tal maneira que fez com que Agatha vira-se para ver o que estava acontecendo. Ao ver Furlan ali piscou algumas vezes com se estivesse adaptando os olhos à luminosidade, depois fez uma cara de alegria misturada com surpresa.

- Olá Furlan, não tinha visto você aí.

- Nem eu você, boa noite. Mas me diga, o que esta fazendo aqui hoje?

- Perguntei ao Raul ontem se poderia vir até aqui hoje para reorganizar melhor os livros, e pesquisar novas aquisições, acho que vai gostar do trabalho.

- Ah, certo então...

Furlan deu um sorriso meio torto novamente, depois lançou um olhar zangado aos irmãos que simplesmente viraram os olhos disfarçadamente.

- Aliás, - continuou Agatha - do que estavam rindo.

Ela então colocou um livro na estante e começou a vir em direção de onde estava Furlan que neste momento parou de fitar os irmão atrás do bar e virou seu olhar para ela.

- Bem, ao que parece meus caros amigos estão me achando feliz demais para mim mesmo.

- Haha - ela então parou em uma posição semelhante à de um critico de arte ao analizar uma obra - ora, acho que eles tem razão, e você fica mais bonito sorrindo.

Furlan não conseguiu juntar coragem para olhar os irmão Beneddeto naquele momento, mas podia sentir suas risadas sufocadas. Então respirou fundo por um momento, e virou o rosto para os dois.

- E então vamos ou não?

- Claro que sim, mas com uma condição.

Egon fez um sinal com a cabeça na direção de Agatha. Furlan revirou os olhos.

- Nos daria a honra da sua companhia senhorita?

Falando isso Furlan fez um gesto exagerado com o braço, ofereçendo-o para Agatha. E para sua surpresa quando viu ela já estava agarrada ali.

- Ora é claro.

Ela falou isso com um grande sorriso no rosto, o que fez com que Furlan, apesar de surpreso com a reação também sorrisse.

- Viu eu disse que você ficava mais bonito assim.

- Hum, então quer dizer que quando estou sério eu sou feio?

Ela respondeu timidamente, quase num sussurro.

- Não foi isso que eu disse.

Furlan a fitou por um momento, ela o olhava também.

- Gostaria de saber o que tem no seu olhar que me faz me sentir segura com você.

- Ora minha cara e bela Agatha - era Egon falando - esse é o dom do Furlan, ele inspira a confiança de qualquer um, e pra dizer bem a verdade até hoje ele fez por merecer esse dom.

- Que bom então.

Falando isso Agatha aconchegou-se mais no braço de Furlan.

- Bem, vamos indo ou eles vão começar a dissecar a minha história de vida.

- Eu não me importaria de ouvir.

- Nem nós de contar.

Furlan virou o rosto para Egon.

- Agora chega, vamos.

Foram todos andando e conversando até uma rua mais movimentada e aberta da cidade e seguiram até um restaurante que dava uma visão privilegiada da cidade, onde sentaram em uma das mesas localizadas na calçada. Agatha não largou o braço de Furlan até que chegaram ao local, mas em algum momento do caminho seus mãos se juntaram, e os dedos se entrelaçaram.

Creative Commons License

Nenhum comentário: