domingo, 19 de agosto de 2007

A pedidos 'O Pub'

Andando calmamente por ruelas desertas de Roma estava o então dono de um pequeno pub novo das redondezas, pub este que estava se tornando cada vez mais popular entre os moradores desta gigantesca cidade. Enquanto se aproximava cada vez mais de seu destino ele refletia sobre as coisas que o levaram a estar ali nesta fase de sua vida, em como tudo poderia ser diferente, mais facil, que ele poderia ser mais rico, e dava graças a Deus por tudo haver ocorrido exatamente como ocorreu, era o dono de seu pequeno mundo, ou melhor quase o dono, ainda falta uma coisa que ele não havia conquistado, mas não gostava de falar sobre isso. Era a pessoa mais confiável que se podia encontrar, mas pagou um preço alto por isso, não confiava totalmente em praticamente ninguém.
Finalmente chegou ao seu destino.
- Boa-noite Sr. Furlan.
- Boa-noite Luigi.
Definitivamente foi uma boa idéia contratar apenas brasileiros e descendentes diretos, Furlan se sentia em casa quando falava com eles em sua língua-natal, e já havia tanto tempo que ele não visitava sua pátria que isso havia se tornado algo de grande importância sentimental para ele.
Entrou no pub, comprimentou os empregados com a sua cordilidade de sempre, se sentou numa mesa mais afastada do centro, olhou o ambiente, era tudo exatamente como sempre havia idealizado: ambiente soturno, luz brilhando fracamente (o que era amplamente apreciado pelos freqüentadores, pois geralmente iam ao local para refletir, dar um tempo na vida corrida lá de fora, e a pouca luz os faziam se sentir mais livres das pressões da sociedade), decoração estilo idade média, um bar com um barman extremamente capacitado, um palco para pequenas bandas locais se apresentarem (palco esse que iniciou algumas das bandas de maiores sucessos da atualidade). Mas seu olhar já não está mais em nada disso, e sim na pequena estante de livros que ele mesmo havia juntado durante anos, apenas os melhores de todas as épocas, livres para qualquer freqüentador ler à vontade, seu olhar parou em um vão entre os livros, local onde costuma ficar o seu livro preferido "Shibumi". Então percorreu a sala para ver quem havia pego o livro, o encontrou em uma mesa, aberto mais ou menos pela metade e aparentemente sendo muito apreciado por uma pequena moça, de olhos lindos, cabelos da altura do pescoço, aquelas que quando abrem um sorriso iluminam o ambiente e conquistam a todos os presentes.
Um pequeno sorriso apareceu no canto dos lábios de Furlan, então levantando-se de seu costumeiro lugar foi até o barman atrás do balcão.
- Mê vê dois absintos flambados Beneddeto.
- Agora mesmo.
- Obrigado.
- Ora, estou aqui pra isso.
O absinto flambado é um dos grandes atributos da popularidade do pub, afinal nenhum dos outros pubs conseguiu criar tal drink, colocar fogo em uma bebida com teor alcoólico tão alto era algo completamente impensável até o momento em que Furlan, juntamente com Beneddeto, conseguiram tal façanha, criando uma bebida com o dobro do sabor do absinto, porém pelo fato do fogo grande parte do álcool evaporava e tornava a bebida mais fraca do ponto de vista da embriaguez.
Assoprando ambos os copos para acabar com o fogo, o dono do pub se aproximou da jovem lendo seu livro e se sentou na cadeira imediatamente a sua frente da mesa.
- Absinto Srta. Schneider?
Ela levanta a cabeça com um imenso sorriso nos lábios.
- Obrigada, seu bobo.
- Bobo eu? Mas, por quê tal ofensa a mim?
- Claro que tu é bobo. Oras, onde já se viu de me chamar de srta. Schneider, heim sr. Furlan?
- Rá! devolvendo na mesma moeda, é? Mas tudo bem, eu mereço, gostou do livro?
- É legal, tu me falou tanto dele que tive que acabar lendo.
- Que bom saber que nem todas as minhas palavras são em vão.
- Bobo...
- É, quem sabe contigo repetindo eu não acabo acreditando nisso mesmo, né?
Ela da uns pequenos risinhos, e fica olhando fixamente para os olhos de Furlan, que em momento algum desvia os seus olhos. Eles são pessoas tão parecidas e se conheceram a tanto tempo que, apesar de todo o tempo que o destino os separou, é como se sempre estivessem ali, numa mesa, olhando os olhos um do outro sem ver quanto tempo havia se passado.
- Você nunca vai mudar né, seu bobo...
- Mudar?... você é quem melhor sabe o quanto eu mudei em todo esse tempo.
- É você tem razão, mas você continua bobo.
- É isso é verdade.
- Nossa, que música linda.
- Quer dançar?
- Aqui? Agora?
- Claro, por que não?
- Ai, ai, você e suas idéias...
Levantaram-se juntos e foram dançar, logo outros casais começaram a dançar juntamente no salão. E então Furlan olhou ao redor, olhou para aquela pequena bela ali em seus braços e finalmente se sentiu completo em seu pequeno mundo.

*Esta é uma história de ficção e nada tem haver com a realidade... por enquanto.

2 comentários:

Menos disse...

Hmmm...
Cara, tua narrativa é ótima, prende muito bem...me lembrou um pouco o Fernando Sabino, apesar de que ele tenta pôr humor em tudo ¬¬
Continue escrevendo, e, blog favoritado (:

Anônimo disse...

Olá....
Linda história...
não tirei o sorriso dos lábios ao lê-la(;])....
o Sr. Furlan é um legítmo cavalheiro..tão simpático e sábio...
aposto que se a srta Schneider soubesse dançar...eu teria adorado a dança...
continue escrevendo vio...vai ser um grande prazer ter esse blog como um refugio um lugar pra esquecer um pouco da vida...ler belas palavras e quem sabe dar algumas risadas
bjoooo seu bobo